Certificado em 2002 pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o grupo atua nas linhas de pesquisa Projeto, Inovação e Gestão e Teoria, História e Crítica em Arquitetura e Urbanismo do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas. É composto por docentes, alunos de pós-graduação e de iniciação científica. Os temas estudados concentram-se na discussão da gestão do patrimônio cultural das cidades latino-americanas com ênfase no estudo do território das cidades paulistas, em distintas abordagens: políticas culturais; gestão de centros históricos; políticas habitacionais e regeneração urbana de áreas centrais; paisagem cultural; territórios periurbanos e novas centralidades
A concentração de estudos sobre as cidades paulistas, em sua grande maioria, médias e pequenas, tem permitido ampliar a compreensão de processos recentes de intervenção nas cidades, em que se detectam características homólogas de planejamento e gestão. Trata-se mais propriamente da disseminação de modelos de desenvolvimento pautados pelo neoliberalismo, que impôs um ritmo de transformação aos territórios, implicando a transferência de funções e problemas para as cidades médias, antes apenas verificados nas grandes e nas cidades capitais.
As transformações ocorridas nas grandes cidades e o surgimento de complexos sistemas urbano-rurais, concebidos como fragmentados e dispersos, intensificaram os estudos sobre os centros urbanos polarizadores do fenômeno (grandes cidades) a partir de meados dos anos 1960 e, quase sempre, dinâmicas neles detectadas eram tidas como emblemáticas para o entendimento das cidades menores, como se representassem o prenúncio de problemas que ocorreriam, em distintos graus, conforme a menor ou maior assimilação do processo por estas.
Tal constatação leva ao questionamento de um conjunto de práticas de gestão de territórios metropolitanos ou âmbitos administrativos regionais, em especial, as relativas às políticas setoriais, onde a dimensão cultural, embora presente no discurso, não chega a ser incorporada nos planos territoriais, entre outros motivos, por ausência de aportes teórico-metodológicos adequados para a abordagem dos remanescentes histórico-culturais para além das divisas municipais. Em adicional, as formas de intervenção pontuais nos edifícios e conjuntos urbanos de interesse cultural e a exploração apenas pelo viés turístico-econômico das potencialidades das manifestações culturais imateriais presentes na região, resultam na exclusão de referências locais significativas para parcelas de população que não são incluídas nos processos de decisão sobre a valorização e preservação dos bens culturais.
São questões que têm norteado os projetos de pesquisa desenvolvidos pelo grupo, para as quais buscam-se respostas. Novas questões foram se incorporando e melhor delineando os pressupostos teóricos e metodológicos iniciais, de forma que se espera, a partir da divulgação dos mesmos, estabelecer interlocuções e parcerias com outros investigadores.
Para o enfrentamento das questões apontadas, as pesquisas do grupo têm se concentrado em duas vertentes de abordagem:
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o estudo de questões relativas ao patrimônio cultural detectadas em diversas cidades latino-americanas e brasileiras, dirigindo o olhar para representações que configuram uma identidade da região para seus habitantes, ao mesmo tempo que remetem à paisagem, às edificações e objetos, aos fazeres, saberes, às crenças, hábitos, etc. Não se trata, portanto, da discussão do valor dos objetos em si mas sim das referências a eles associadas. Neste sentido, há que se considerar que os grupos sociais operam uma ressemantização sobre os elementos significativos, relacionando-os a uma representação coletiva, em que cada membro do grupo, de algum modo, se identifica. Em última instância, indaga-se sobre a relatividade de qualquer processo de atribuição de valor resultante apenas de julgamentos técnicos. Os resultados de pesquisas anteriores, em especial, nos últimos dez anos, confirmam a necessidade de mudança de parâmetros para interpretar e discutir a preservação de “referências culturais” associadas a territórios que possuem diferentes temporalidades e graus de transformação, como é o caso dos metropolitanos e regionais.
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a intervenção no objeto patrimonial a partir da interlocução entre o planejamento urbano e territorial e o campo disciplinar do restauro [arquitetônico e urbano], discutindo instrumentos para o controle do ambiente construído. Partindo da escala arquitetônica e intra-urbana, busca-se construir um instrumental teórico-crítico, metodológico e operacional que subsidie uma consciência mais aprofundada dos problemas envolvidos numa intervenção em um bem cultural, oferecendo critérios para atuar de forma ética em relação ao conjunto “obra, ambiência e território”, em seus aspectos documentais, materiais e de conformação. Trata-se de questão que se estende ao campo do ensino do projeto de arquitetura e urbanismo em contextos consolidados, desde a intervenção em edifícios tombados até os exemplares da arquitetura vernacular presentes nos contextos urbanos contemporâneos das cidades, em especial, das paulistas.