São Paulo ocupado pela rede de profilaxia da hanseníase: mapeando memórias no território
Resumo: O período de liderança do médico Geraldo Paula Souza no Serviço Sanitário e a implantação de uma nova assistência à saúde no governo Vargas transformou o Estado de São Paulo num modelo para o tratamento da hanseníase. Em 1925, após o Serviço Sanitário se reestruturar, a política de isolamento compulsório entrou em vigor em São Paulo e foi seguida por outros estados brasileiros. O sistema implantado para o controle da epidemia de hanseníase resultou na construção de uma rede de assistência, baseada principalmente em uma tríade de instituições: 5 asilos-colônia, 46 dispensários e 3 preventórios, administrados pelo Departamento de Profilaxia da Lepra e 12 inspetorias regionais. Os asilos foram tombados pelo Condephaat entre 2016 e 2018 e, embora tenham sido processos independentes, foi utilizada a mesma justificativa para o conjunto, reconhecendo a importância de se preservar o caráter sistêmico adotado como resolução dos problemas. Este reconhecimento e o tombamento dos cinco asilos-colônia, entretanto, não é suficiente para a compreensão e visibilidade do sistema como um todo, tendo em vista que as demais instituições criaram paralelamente um sistema para atender os casos menos graves e a internação dos filhos dos doentes, que hoje reivindicam direito ao reconhecimento e à reparação. Nisso consiste a hipótese desta pesquisa, que pretende mapear e visibilizar todos os equipamentos, discutir a lógica de localização, os arranjos institucionais para sua viabilização e os processos pós desativação do sistema, discutindo a situação de uso atual destes equipamentos, dos bairros formados em seus entornos e as intervenções que culminaram com apagamentos da memória do conjunto. Pretende-se delinear possíveis caminhos para a preservação destes acervos e a constituição de itinerários memoriais, considerando a diversidade de formas de transmissão. Espera-se contribuir para o debate vigente a respeito da identidade, pertencimento e direto à memória coletiva desses patrimônios marginais.
Palavras-chave: história da saúde; políticas de preservação; hanseníase; patrimônios marginais .
Pesquisas concluídas em 2022
Dissertação
Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina da Silva Schicchi